domingo, 6 de junho de 2010

- Ode ao 'eu' interior.


- Mais uma noite sem sono. Mais uma vez o quarto vazio pesa e o ar corta os pulmões ao entrar. É um tempo magnífico, é um tempo de memórias, nostalgias infâmes que acabam com tudo o que eu ainda tenho de conhecimento sobre a vida. Me lembrarei em todo tempo das caminhadas em Copacabana, das diversões trocadas, das carícias discretas e memoráveis e daquilo que, um dia, eu acreditei ser o melhor pra mim. Lembrarei com tanta amargura de todos os gestos de felicidade, do sufoco profundo causado pela via dupla do coração aberto, dos planos que, talvez, só eu tenha construído. Vou lembrar da linha tênue que separou o amor próprio do amor único e imensurável e, lembrarei, com amargura, da minha perda dentro de todo esse tempo em que me desconhecia a cada dia. Vou me lembrar dos dias em que, mais triste, te fiz sorrir e tu, quando mais triste eu estava, me lembrava que não poderia deixar de lado o teu sorriso, me descartando por completo de uma cena onde cabiam dois. Vou me lembrar da dedicação quebrada, das falsas juras de amor, dos beijos que no fundo carregavam o veneno da traição, da mentira que, a dois, parecia tão real, tão equilibrada com o fim. Me lembrarei da minha mão na tua, dentro de um momento nosso, enquanto por noites e noites íamos as festividades vividas e mensuradas, e dividíamos todo o tempo, mesmo sabendo que, na real verdade, quem dividia um pedaço seu, não era esse ser estúpido que hoje aqui faz ode a essas palavras, mas o mundo, todo o mundo que sobrou além de mim. Lembrarei como uma ferida eterna das desavenças e dos momentos onde eu, por completo descuido, me deixei aqui, nesse canto escuro, esquecido de mim e perdendo o mais precioso que em mim ainda havia. Vou lembrar como a dor de lâminas cortando pedaços da pele das horas em que eu tirei de mim e entreguei a você, acreditando na verdade que eu construí pra mim de cuidado mútuo, respeito. Vou lembrar dos dias em que, em desespero, eu destruía as minhas preces pedindo paz e encontrava o ódio. Vou lembrar do quanto ser parecido com o Vento não me deixa feliz, mas me faz ser real e verdadeiro. Me faz sentir desligado de tudo e prestes a voar novamente. Vou lembrar do meu medo maior, do pavor que se estremece em minha boca ao pensar que todas as pessoas assim serão, que o amor não existe e é pura utopia das pessoas para sobreviverem a um cotidiano de tristezas. Vou lembrar como todas as minhas alegrias se transformaram no meu próprio inferno, na minha própria dor. E vou lembrar insistentemente das vezes em que nos olhos eu te olhava e, com a mais pura sinceridade, declarava o quanto eu queria fazer de ti a pessoa mais amada e aclamada de todas as épocas e tempos passados e atuais. E como uma andorinha voando no céu, eu vou lembrar de quando deitávamos a toa em nosso colo, olhando para um azul infinito, esperando apenas a hora mudar e falávamos tantas coisas sem fundamento, sem intenção, só para preencher o nosso vazio. Vou lembrar do seu afeto que se tornou vazio, e do meu que completou por inteiro todo o nosso espaço. Vou lembrar de quanta sinceridade faltou, de quantos golpes eu levei e relevei. De tudo o que não se via, e, mesmo hoje, não se vê. Vou me esforçar para lembrar de cada traço do teu rosto para que, no fundo, minha alma apague a amargura que sente ao pensar que, na pessoa que mais confiou, encontrou a confirmação de algo que sempre quis acreditar não ser verdade. Vou me esforçar ainda mais para que, novamente, eu possa me libertar dessas correntes, que passaram uma ou duas vezes na minha inteira caminhada, e que, em certo tempo e coerência funcionaram como andares, nessa vida cheia de calçadas. Vou me lembrar, pra toda vida, que nada dói mais do que a mentira e que a falta de verdade destrói tudo o que uma pessoa pode ter. Vida, amor próprio, confiança, beleza, se vão ao simples toque da irrealidade. E o espelho não te satisfaz mais, e seu corpo e voz se tornam tão mesquinhos. E todos os problemas do mundo cabem em você e nisso se resumem. Eu vou lembrar que tudo isso não passa de uma outra ilusão, de um outro desespero famigerado por desilusões que se encontram em um mesmo momento. E, enquanto eu lembrar de todos os ventos que contigo eu senti, o meu coração fará a grande caminhada para o perdão, te dará espaço numa vaga memória inútil e insensível dentro do próprio peito e deixará o que, um dia, muito foi, se esvair para o nada sou.


PONTO!

terça-feira, 1 de junho de 2010

- Let it fall.


- Pegue esse objeto pela mão, faça com que ele escorregue entre você e o seu coração. Será que ainda existe alguém pra compartilhar exatamente tudo, sem ambição, sem deserção de algo tão inusitado. As pessoas correm sempre pensando estarem indo pra frente, mas, quando se dão conta, topam com a porta de onde saíram. Eu não me importo em estar certo e errado, em vir a ser famoso ou não, em estar em contato com todos aqueles que acham que preciso deles, eu me importo em me sentir bem e, fazer do bem das pessoas que eu realmente amo, minha motivação de felicidade. Eu sou capaz de largar tudo, arregaçar as mangas e começar de novo. Por mais punhaladas e pontapés que a gente tome da vida, uma hora ou outra as coisas ficam diferentes. Eu acredito que todo o sofrimento que passamos se deriva de um aprendizado magnífico que, nós mesmos, tiraremos proveito mais pra frente, se é que se pode tirar proveito de algo nisso tudo.
Pra terminar, como a poesia nem sempre é tão poética, o fruto disso tudo será algo que teremos que provar. Pra terminar de vez, você vai ver, o seu lúdico e utópico viver virando aquilo que menos esperava. Vai chegar ao extremo, para depois se sentir completo. Se deixar cair para se completar. Se completar para terminar... É, para terminar!