domingo, 9 de junho de 2013

- Quando a solidão passa a ser sua casa.


- Há muito mais frio aqui, onde o escuro mora. Há muito mais medo aqui, onde os esquecidos ficaram. Há muito aqui, mas nós esquecemos. Eu espero que o frio passe. Eu espero que a dor passe. Porque eu sei, eu não posso me salvar, assim como não posso construir sem destruir, como não posso amar sem odiar. O frio aqui ferve minha alma como óleo quente, como a brasa que queima na fogueira acesa. Eu lembro de mim, dos meus olhos, dos seus olhos, de tudo aquilo que arde. Eu lembro da paz, mas eu também lembro da guerra. Nunca é por muito tempo. Eu não sou e nem quero ser ameno, não sou e nem quero ser o mesmo. Eu te mantenho perto, não te mato, nem te coloco tão longe quanto deveria. Eu te mantenho quente, vivo, pulsante. Eu te mantenho em paz. Há muito tempo atrás, talvez mais do que isso, eu não me lembrava do mundo, eu não lembrava de mim. Eu não lembrava das cores, não lembrava dos gostos. Eu não lembrava que podia. Sim, eu podia. Talvez hoje não mais. Eu espero que o frio passe. Eu espero que a dor passe. Eu espero que a gente possa se lembrar.