sábado, 23 de julho de 2011

- Ode ao lado escuro da lua!


- No fundo eu sei que já posso morrer! Não morrer porque quero que minha vida cesse, ou que meus dias aqui acabem, mas sim porque seria egoísta de minha parte viver mais do que já vivi, ver mais do que, em toda minha vida, sei que muitos não chegaram a ver. Eu tenho, como qualquer um, momentos de devaneios incertos, de ódios intermináveis, de medos tremendos e, quando me agarro a um desses pecados por mim cometidos, penso no quanto injusto eu sou por me privar de tudo aquilo que me foi ofertado. O lado escuro da lua pertence a mim também. Não sei o quão amargo seria dizer que esse lado obscuro sou eu por completo, que se ilumina por alguns sóis presentes nessa atmosfera esquisita, nesse universo imperfeito, nesse mundo com características somente atribuidas por mim. Não sei o quão monstruoso é demonstrar a face mal feita, o veneno que não escorre todos os dias, com todo o contorno de uma bela figura, um belo desastre, um belo desconserto. O ar que pesava antigamente, hoje nem efeito faz mais. O medo que antes a janela deixava voar, hoje é aumentado pela imensidão de toda a existência. A dor, o cansaço e o distúrbio se prendem e se desmontam face a face com a minha desistência. Uma desistência silente, remota e insensível, que gela meu coração e destrói o meu corpo aos poucos. Uma desistência que me toma como se eu já não pudesse mais tomar conta de mim, como se eu tivesse deixado, em todos os cantos desse mundo em que estive, uma parte desse estranho monólogo de tantas pessoas. No fim, o lado escuro da lua nem é tão mais frio que o outro e não deixa de ser menos conflitante. O lado escuro da lua se destrói com qualquer simples atenção, se destrói por não pertencer aos que não conseguem vê-lo, se destrói por não ser tão perfeito quanto o lado iluminado. O lado escuro da lua, aquele que ninguém consegue enxergar com perfeição, sou eu!

PONTO!