terça-feira, 26 de outubro de 2010

- Teimosia.


- Talvez fosse a hora do show acabar, de se soltar as amarras e entregar tudo de uma maneira rápida, mas não menos dolorosa. É como se por mais que você ganhasse, aos pouquinhos fosse perdendo o que adquiriu. Sabedoria, experiência e qualquer outra forma de experimento também se vai. Hoje eu sinto tanta falta de tudo o que um dia não me fez falta. Hoje eu sinto saudade de cada bobagem de um dia normal, de uma conversa em qualquer um dos trabalhos (e foram centenas) que passei. Hoje sinto falta porque minha cama está vazia, e não quer ser completa porque ainda não pode, ainda não sente. Como se um vento tão mais forte do que eu tivesse passado pela minha vida e eu não tivesse tido tempo de segurar as rédeas, eu fui. Eu passei. Tão cansado de não poder ficar, de não poder permanecer. E nesse caminho minado por ódio de incompreensivos, por medo de fracassados, por desaventuras de desiludidos, eu continuei andando, crendo em tudo aquilo que um dia eu disse que me faria bem. E, acho que, faz! Acho que se eu mudasse agora toda minha vida perderia o rumo e, de verdade, eu não quereria mudar. E mesmo que o mundo esteja se despedaçando ao redor, que os dias se tornem cada vez mais irrespiráveis, que as manhãs se tornem cada vez mais insuportáveis e que as noites, essas inóspitas noites, se tornem sem fim, e que meu coração grite dizendo que não dá mais, que meu corpo pare por também se sentir incapaz, eu tirarei forças do fim do Show. E se, o show tiver que acabar mesmo, com ou sem solução, sem a caminhada completa, com a falta que meus "corações" me fazem, que minhas emoções me fazem, ele vai acabar por conta própria. Embora eu ainda espero que tudo não passe de um sonho e que, ao acordar amanhã, tudo volte ao normal, que eu possa estar nos braços conhecidos novamente, que eu possa me refazer, me reconstruir e sentir novamente a segurança insegura, a raiva, o sexo, a briga, o carinho, a descoberta, mesmo sabendo, que no fundo, eu acabei sentindo isso sozinho. E é assim que prefiro ficar por enquanto, sozinho...

PONTO!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

- Liberdade


- Todas as nossas buscas se derivam do interesse na liberdade, mas, no fundo, o que é a liberdade? Se alguém, algum dia, tiver a resposta certa para essa pergunta, não terá mais motivos para ansiar ser preso e responderá porque deixamos tudo aquilo que amamos por nos sentimos presos a tudo, e, logo após, sentimos a prisão em não ter? Não há uma noite em que eu passe sem me amaldiçoar, ou amaldiçoar os erros que cometi. Não há uma noite em que as coisas parecem encaixadas, nem mesmo quando tudo parecia bem eu as sentia assim. Hoje eu tento, e digo que só tento... Quando tudo o que você escolhe parece sempre te levar a um novo começo quando o que você mais quer é ficar aonde estava, crescendo lá. Parece que quando minhas raízes estão começando a se firmar novamente, algo com uma lâmina afiada vem, corta todas as esperanças e sonhos que construí e me mostra o quão fraco podemos ser perante aquilo que não conhecemos. Você se divide, dá o seu melhor, se transforma naquilo que sempre pensou ser o melhor e, mesmo assim, falha, mais uma vez. Você começa a realmente desacreditar e isso te assusta. Hoje você já não vê mais o que via no espelho. O brilho dos seus olhos já não estão tão presentes e você luta, luta para simplesmente se interessar. Quando tudo se quebra em tantos pedaços que, pra consertar, você teria que se repartir em mais do que pode. Hoje eu olho para o céu, não o mesmo céu, e me pergunto como vivi tanto tempo se tudo o que eu vivi não passou de mentiras mal contadas, de juras falsas de amor, de intensas trocas desesperadas na parte interna e externa, para que, no fim eu pudesse ouvir que havia sido falho, de corpo e alma. Se a primavera vier e eu não mais estiver aqui, como um dia um sábio autor disse, a primavera será a mesma, mas, as pessoas com quem eu vivi serão? Hoje eu me acostumo com meu lado vazio da cama, minhas idas ao supermercado sozinho, minhas não ligações, minhas não conjunções, meus não sexos. Hoje eu me reajeito quando sinto frio, quando estou com dor ou, até mesmo, quando estou alegre e, mais uma vez, só eu percebo. Não há porque desistir, embora sem forças e sem condições, ainda existe um coração abaixo disso tudo e ele ainda acredita no dar e receber, não no "cuide de si mesmo". Hoje esse coração sangra, como sempre sangrou, e vive, como sempre viveu. Não mais alegre, nem mais triste. Não mais livre, nem mais preso (até porque a liberdade é tão relativa que eu me sentia livre enquanto era preso e preso enquanto sou livre). Não mais quente, nem mais frio... Somente vive, simples como sempre.

PONTO!