sábado, 21 de abril de 2012

- Precipício.


- Nos olhos desse vento incólume a busca não terminou.  A busca nem começou, por assim se dizer, ela apenas se fez presente para que se lembrasse que havia um rumo. A luz forte da lua incomoda o coração desesperado e as cores fortes das virtudes se tornam tons de cinza perto desse imenso lago vazio. Como se em uma estrada escura e com fortes chuvas, o sol se recusasse a aparecer. Como se em um velho parque as flores se recusassem a brotar. Trovões que sempre aparecem em momentos nos quais a vida quer queimar os que nunca resolveram o que plantar. É como reviver todos os dias os momentos em que o seu mais querido amor entrelaçava seus dedos entre o seu cabelo e tudo parecia em algum lugar. Mas passava... E passa. É se segurar no que pode vir amanhã, nas surpresas que sempre são esperadas. E enquanto esperamos e fazemos o que as regras já inventadas dizem, torcemos para que a sorte sorria, para que a dor seja amenizada, e torcemos ainda mais para ser alguém em algum lugar, para ser alguém em algum mundo, uma parte da história de alguém. Porque, no fim das contas, ninguém quer fechar o seu livro sem um final feliz. Ou, pelo menos, um final interessante. E é por isso que nós fechamos os olhos. Nós queremos ser alguém em algum mundo, alguém dia e noite, alguém que não se vá esquecer tão fácil. E quando levantarmos as mãos para o adeus teremos completa certeza de que os olhos daqueles que ficam serão encharcados pelo que fizemos, pelo nosso vazio e pela nossa dor, mas, acima de tudo, serão embargados pelo nosso amor e pela falta que esse amor, que um dia pode ter parecido tão pouco e pequeno, fará nesse mundo tão frio e desesperado. É... Nós queremos ser alguém em algum mundo!

PONTO!

Um comentário:

  1. Nossa! Primeiramente bom saber que um conhecido do Facebook também tem um blog.
    Segundo: melhor saber que ele escreve tão bem.
    Pelo menos para mim, que senti que serviu a carapuça no momento que vivo, onde a vontade de ser alguém em algum mundo, mais precisamente no mundo de alguém (igualmente querer que o mundo de alguém seja parte do mundo que eu tenho) grita em cada batida do coração, em cada pulsar de veias, em casa entrada e saida de ar dos pulmões.

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